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Ao envolverem os consumidores de forma mais frequente e durante mais tempo com os seus conteúdos, as empresas garantem maior investimento por parte dos anunciantes, aumentam o valor da sua marca e a sua saúde financeira. Procuram, por isso, inovar e chegar aos clientes através de múltiplas plataformas.

Além da passagem ao digital, os media apostam em múltiplos formatos digitais
Os media caminham, assim, no sentido da personalização, oferecendo os conteúdos à hora e na plataforma preferida pelo cliente a essa hora, contribuindo para mudar os hábitos de consumo de conteúdos, de que são exemplo as notícias. Por exemplo, um estudo da Entidade Reguladora da Comunicação Social (de 2015) revelou, por exemplo, que 93% dos portugueses utilizadores da rede e consumidores de notícias, acedem à informação através de programas de televisão ou serviços noticiosos.

Os jornais impressos também são importantes (65% declara lê-los), mas já foram ultrapassados pelo Facebook, uma vez que 66% dos inquiridos consomem notícias na plataforma norte-americana, enquanto 54% o fazem em sítios em linha ou em aplicações de jornais. Tal significa que, sem ter custos de produção de conteúdos, o Facebook é um grande distribuidor de notícias, com três vantagens associadas:
- Além da informação pessoal e gratuita dos utilizadores da rede social, tem acesso aos seus hábitos de consumo da informação;
- Os anunciantes fazem hoje uma publicidade cada vez mais personalizada e, como a plataforma Facebook é a mais usada, usam as ferramentas do Facebook para chegarem aos seus clientes efetivos e potenciais;
- As redes sociais criaram algoritmos que recolhem dados dos consumidores e lhes distribuem as notícias que, pela lógica definidas por esses algoritmos, mais lhe interessam, ou seja, as notícias que lhe são automaticamente disponibilizadas não são a sua preferência, mas a sua preferência na ótica do algoritmo da plataforma.
Os dados pessoais das audiências são então fundamentais, mas a luta entre os media pelo acesso aos dados pessoais dessas audiências é desigual, com vantagem para as grandes empresas multinacionais, como o Facebook ou a Google.
Em 2020, o Facebook e a Google vão ter 70% da receita publicitária em linha na Europa. Neste momento já têm 55%. Mas os produtores de conteúdos não retiram benefícios da sua atividade através da rede social, pelo que a Comissão Europeia está a criar leis para que sítios como o Facebook paguem direitos de autor quando usam conteúdos produzidos por outros media.
A Comissão Europeia aprovou em 2016 o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, que entrou em vigor a 25 de maio de 2018. As empresas europeias consideram que estão a ser prejudicadas, uma vez que as suas congéneres americanas têm acesso livre aos dados dos utilizadores e podem usá-los como entendem, enquanto as europeias estão obrigadas a regras mais apertadas. Por isso, reclamam a definição de regras mais flexíveis por parte das autoridades europeias.
Quando participamos num recurso em linha deixamos os nossos dados, a nossa pegada digital

Ou seja, quando estás a consumir conteúdos media em linha, as plataformas que te distribuem esses conteúdos recolhem dados sobre as tuas preferências, tempos de acesso, localização, os teus contactos e as tuas interações. Portanto, quando lês os media, seja consumindo notícias, vendo vídeos ou até simplesmente fazendo pesquisas no Google, os media também te estão a ler a ti. Por isso, verifica a quem forneces os teus dados pessoais e se o serviço que te é dado em troca compensa em termos da relação de custo-benefício. Pensa também que, quer seja um serviço específico de um órgão de informação ou uma plataforma mais generalista como o Facebook, são os algoritmos e as regras neles definidas que decidem qual a informação a que tens acesso. Nesse sentido, para não estares limitado no acesso, diversifica a tua dieta mediática, isto é, escolhe que conteúdos mais consomes, em que media, a que horas e em que suportes, tradicionais e/ou digitais.